Poema de pescador

Preto velho de olho triste
O que foi que aconteceu...
Ele desolado me disse
Foi a estrela do mar que desapareceu.
Com ela também evadiu-se
A branca onda do mar
Escondeu toda meiguice
De um barco a vela a navegar
Sereia tão encantada
Sumiu com seu canto de amor
Deixando essa dor arretada
No pobre do pescador



Azul que no céu brilhou
A chuva foi carregar
A água tudo lavou
Levando a estrela do mar
O mar ficou agitado
E o vento velóz soprou
Parecia estar tão irado
Que a mãe natureza zangou...
Veio então das profundezas
Tão bela que fez marejar
Aos olhos das realezas
A nossa mãe Iemanjá
Subiu em sua altura
Encontrando com outra artesã
Que comanda a terra com sua bravura
A minha mãe Iansã
E entre deuses supremos
Em seu cavalo sem medo algum
Guerreando entre terrenos
São Jorge, "saravá Ogum"


Esses entre tantos divinos
E muitos que não consigo lembrar
São nossos guias tão lindos
E suas coroas a nos rodiar

Os olhos perdidos daquele ser
Num suspiro que se fez notar
A gota tão clara eu pude ver
Bem no canto do seu olhar

Pensou... entre a terra e o céu
Tem tanto mistério pra mostrá
E com um sorriso olhou ao léu
Agradeceu ao pai Oxalá!

Regina Aparecida Magalhães